acho que isso resolve seu problema,
Canetinha está de volta
A mensagem do aparelho é: “Ok, o iPad é muito legal pra consumir conteúdo, ler livros, ver vídeos, navegar na web. Mas nosso novo tablet também é bom para criar coisas, por uma razão simples: vem com uma caneta. Viu como somos diferentes da Apple?”.
Lançar um aparelho com caneta digital (stylus) hoje em dia parece ser uma decisão um pouco ultrapassada. O PalmPilot tinha caneta. O Apple Newton tinha caneta. Todos aqueles computadores/tablet horríveis com Windows tinham canetas. Quando o iPad saiu, dispensando a caneta, elas viraram relíquias de um passado distante.
Mas o primeiro Galaxy Note, um aparelho com um tamanho esquisito de 5 polegadas e caneta, vendeu muito bem, ao menos na Europa. A Samsung torce para que o fenômeno se repita com o aparelho maior, com tela de 10 polegadas.
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Nos Estados Unidos, o modelo básico com apenas Wi-Fi e 16 GB sai por US$ 500, o mesmo preço do iPad. O aparelho tem 2 GB de memória RAM, o dobro da encontrada no iPad.
O novo tablet é recheado de recursos. Câmeras frontal e traseira (1,9 megapixel e 5 megapixels, com flash LED). Entrada para cartão de memória (o iPad não tem isso). Um sensor infravermelho para controlar TVs. Alto-falantes estéreo com som bem melhor do que o alto-falante único do iPad.
Mesmo com todos esses recursos, o Note é um pouco mais fino (8,9 milímetros) e leve (589 gramas) do que o iPad.
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Traseira do Galaxy Note 10.1 é coberta por material plástico
Quando segurei o aparelho, percebi o motivo na hora. A carcaça é de plástico e parece frágil. O plástico da traseira é tão fino que dá pra senti-lo tocar nos circuitos traseiros do aparelho. A caneta de plástico é ainda mais frágil, parece aquelas que vêm em caixas de cereal.
A posição padrão do tablet parece ser a horizontal. É nessa posição que o logotipo da Samsung fica na posição correta, no alto da tela. E a entrada do carregador também fica num dos lados mais longos do aparelho. Mas, é claro, ele também pode ser usado em modo retrato.
Dois aplicativos na tela
Um dos recursos mais bacanas do Note é a capacidade de exibir dois aplicativos ao mesmo tempo na tela. Dá para manter uma página web ao lado de uma página de anotações e arrastar conteúdo de uma para a outra na tela. Isso serve também para vídeos e documentos de texto (escritos em um clone mais simples do Office, chamado Polaris Office).
Esse recurso é uma mudança importante. Deixa o tablet mais perto da flexibilidade (e complexidade) de um PC.
No momento, apenas seis aplicativos podem dividir a tela: e-mail, web, player de vídeo, bloco de notas, galeria de fotos e o Polaris Office. Esses são os aplicativos mais comuns, mas seria legal se fosse possível dividir a tela com qualquer aplicativo (segundo a Samsung, o calendário e outros aplicativos serão adicionados com o tempo).
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A Samsung também adicionou a opção de ativar aplicativos em janelas de tamanho reduzido na parte de baixo da tela. São widgets que mostram informações de calendário, músicas etc.
A caneta às vezes é útil em tarefas comuns, como tocar em botões ou teclas nas tela. Mas ela se sai bem realmente no S Note, um aplicativo especial criado para uso com a caneta. Nesse aplicativo você pode escrever notas com a caneta ou fazer desenhos simples, daqueles que costumamos fazer em guardanapos.
Em um dos modos do aplicativo, você pode desenhar à mão livre e perceber como o software ajeita seus garranchos em formas geométricas perfeitas. No outro modo, é possível escrever palavras. O Note converte as letras em texto editável. Há até um modo de fórmulas matemáticas para estudantes, que reconhece as formulas escritas e resolve as equações.
Caneta poderia ser mais útil
Esses recursos impressionam, mas não são muito úteis na prática. Pra começar, o reconhecimento de escrita é péssimo. Ele funciona em qualquer aplicativo, o que é bom. Mas o recurso frequentemente omite o espaço entre as palavras. Pior, não há uma forma fácil de editar o texto convertido, mesmo com a caneta na mão. Quando a caneta toca a tela, ela não ativa o cursor, mas apenas coloca um ponto no texto.
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Caneta do Galaxy Note 10.1 permite desenhar e fazer anotações
No momento, há apenas alguns sinais do potencial da caneta. O aparelho vem com o software Photoshop Touch, um editor de fotos bem confuso. Dá pra adicionar mensagens escritas com a caneta a e-mails, documentos do Polaris e compromissos de agenda.
Além disso, os designers de software da Samsung devem ter trabalhado em filmes de ficção científica. Os aplicativos são identificados por ícones bizarros e enigmáticos.
Nenhum ícone tem um texto explicativo (rótulo), e os logotipos são tão confusos que não ajudam em nada. Você adivinharia que, para habilitar o reconhecimento de escrita, precisa tocar em um ícone que mostra um círculo na frente de uma montanha?
Alguns dos ícones do aplicativo S Note chegam a mostrar um menu diferente cada vez que são ativados. Não estou brincando.
O Note carrega várias tecnologias conhecidas da Samsung. Dá para enviar fotos direto do tablet para algumas TVs da marca. Também dá para espelhar o tablet na TV por meio de um adaptador HDMI. Um recurso chamado “smart stay” usa a câmera frontal para saber se o usuário está olhando para o aparelho. Quando o olhar é desviado, o brilho da tela diminui para economizar bateria. Muito legal.
No fim, um tablet inconsistente
No todo, porém, o Note parece uma lista de compras mal ajambrada. Ele tem mais recursos do que qualquer outro tablet, mas esses recursos são reunidos num aparelho pouco coerente e às vezes confuso.
Claramente, a Samsung não tinha um Steve Jobs para vetar recursos. Aplicativos que não funcionam bem são misturados a outros muito bons. Recursos pouco úteis são misturados a outros extremamente importantes. Por que, além dos três botões principais do Android (Home, voltar e aplicativos abertos), agora há um para capturar telas? A Samsung acha que as pessoas capturam telas com a mesma frequência que usam o botão Home?
No geral, a Samsung vive um bom momento. Seus smartphones Galaxy são os principais rivais do iPhone. A empresa tem a coragem de apresentar designs inovadores, como acrescentar uma caneta a um tablet. A quantidade de acessórios para seus aparelho também vem aumentando.
Mas o Galaxy Note 10.1 mostra que a combinação de hardware mais poderoso com longa lista de recursos não leva, necessariamente, a um aparelho melhor. Em alguns momentos, a discrição é tão importante quanto o exibicionismo.